August 19, 2023

CALL FOR PAPERS 
INTERNATIONAL JOURNAL OF CINEMA

Dossier temático: CINEMA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

O prazo de submissão de artigos completos e originais em português e inglês é 31 de dezembro de 2023.

Editores:
Anabela Dinis Branco de Oliveira (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro/Labcom Comunicação e Artes)
Luís Filipe da Cunha Teresinho (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)

O cinema explorou, ao longo da sua história, a possibilidade da ligação do Homem com as novas tecnologias e as novas formas de inteligência na projeção de uma nova realidade: o Pós-Homem.
Os desenvolvimentos na área da engenharia genética abrem caminho à criação de uma raça superior de humanos, mais apta, forte e inteligente, através da integração do ser humano nos últimos progressos em robótica, em computação, nanotecnologia e na emergência de novos dispositivos de Inteligência Artificial. A ficção científica vai ao encontro da tecnociência na projeção de uma nova estirpe humana, super-inteligente, o Homem 2.0., ou o pós-Homem que, abandonando o seu corpo efémero, poderá viver para sempre num ambiente virtual, alcançando a transcendência. Porém, este admirável mundo novo encerra muitas questões, não só em termos técnicos, mas, sobretudo, ao nível da ética.

A humanidade assimila a possibilidade oferecida pelos algoritmos da inteligência artificial na cadeia de produção cinematográfica. A Inteligência Artificial na indústria cinematográfica é já uma realidade incontornável. Oferece oportunidades promissoras para os novos cineastas. Além de agilizar todo o processo de desenvolvimento de projetos, com a ajuda de algoritmos e análises de dados, dá acesso a informações valiosas sobre o público-alvo, tendências de mercado e preferências do espectador.

A Inteligência Artificial projeta potencialidades quase infinitas, mas talvez discutíveis, ao nível da escrita de guiões. As aplicações atuais exploram grandes modelos de linguagem para gerar guiões em bruto (com títulos, descrições de personagens, diálogos e cenas) utilizados nas séries, emissões de televisão e peças de teatro. Os grandes estúdios norte-americanos utilizam programas que lhes permite saber quais os guiões passíveis de um maior sucesso comercial e determinar quais os filmes que devem ser ou não realizados.

Ela impõe-se no âmbito da planificação temporal e espacial da rodagem; da estruturação da répérage, analisando os dados do mundo real em relação às exigências do guião; da organização do casting explorando bases de dados sobre a performance e as reações do público com vista à escolha do melhor ator para um determinado papel. Tudo isto a partir de um simples upload do guião nas aplicações especializadas para o efeito. Impõe-se também na organização da montagem financeira e da planificação em termos de cenografia e figurinos.

 A Inteligência Artificial envelhece ou rejuvenesce atores, (de-aging) evolui rapidamente na criação de efeitos especiais, projeta novas potencialidades na área da dobragem, da montagem, da composição musical, da composição da cor, da recriação de vozes e sequências e da restauração de séries e filmes antigos. Ao nível da distribuição, a Inteligência Artificial estrutura já a elaboração de trailers; otimização de folhetos e cartazes para a promoção dos filmes e planificação de campanhas de marketing.

Quando a Inteligência Artifical deixa de ser uma personagem cinematográfica para ser um elemento fundamental na produção cinematográfica surge a inevitável avalanche de questões.

Será que o cinema vai perder a sua autenticidade? Como será a relação da Inteligência Artificial com o cinema? A Inteligência Artificial poderá substituir os guionistas? As máquinas superarão a qualidade dos guiões escritos pelos humanos? Quais os limites legais para a possível participação póstuma dos atores proporcionada pelo desenvolvimento da Inteligência Artificial? Será o fim da identidade ou apenas a recriação de tudo o que é exclusivo do ator? Quais são os limites éticos e estéticos neste confronto entre a criatividade humana e as potencialidades algorítmicas da Inteligência Artificial? Há lugar para a criatividade na Inteligência Artificial?

Sublinhamos que é o Homem que toma a decisão final. Só o homem tem uma perspetiva única e uma profundidade emocional. As ferramentas da Inteligência Artificial contribuem para que os cineastas e os outros profissionais tenham mais tempo e disponibilidade para se concentrarem naquilo que é a sua competência principal: a criatividade.
A Alegoria da Caverna ilustra, no entender de Platão a condição humana. Será que nós estaremos prontos a abandonar as comodidades virtuais e globais para viver uma verdadeira existência? Será que optaremos, à semelhança dos restantes prisioneiros, por nos mantermos prisioneiros das sombras e das ilusões que nos são oferecidas ou ousaremos desvendar o que se esconde além do véu?

Convidamos os investigadores da imagem em movimento e todos aqueles que estudam as potencialidades da Inteligência Artificial a colaborar neste dossier especial. Seguindo as linhas editoriais do International Journal of Cinema, a colaboração poderá concretizar-se em formato de Entrevista, Recensão de Filme, Recensão de Livro, Depoimento ou Artigo Científico.

São passíveis de exploração os seguintes eixos temáticos, no que diz respeito às relações entre Inteligência Artificial e Cinema:

a) Inteligência Artificial, ética e direitos de autoria;
b) Inteligência Artificial e criatividade: limites e potencialidades;
c) Inteligência Artificial e Cinema: abordagens filosóficas;
d) Representação da Inteligência Artificial no Cinema;
e) Cinema de autor e Inteligência Artificial: certezas e incertezas;
f) Inteligência Artificial e Cinema: novas hipóteses e novas aplicações;
g) Inteligência Artificial e câmara cinematográfica: dialogismos.

Receção dos originais no email literaturaecinema@gmail.com